É comum que a maioria das pessoas tenham passado pela experiência de uma dor de cabeça em algum momento ao longo da vida. No entanto, quando as dores se tornam muito frequentes ou persistem por períodos prolongados, essa condição pode tornar-se causa de grande desconforto e inclusive estar associada a questões como alterações de humor (ansiedade, depressão, irritabilidade), prejuízo do sono, incapacidade para o trabalho e perda de momentos de lazer. Pioram muito a qualidade de vida.
As dores de cabeça que duram mais de 2 horas por dia, em pelo menos 15 dias ao mês, durante 3 meses são, por definição, classificadas como crônicas (conforme a IASP, International Association for the Study of Pain) e afetam em torno de 4% da população.
As causas deste problema podem ser categorizadas entre primárias ou secundárias. As dores de cabeça primárias são aquelas em que a dor é a enfermidade em si, sendo as condições mais frequentes neste contexto a enxaqueca, a cefaléia tipo tensional e a cefaleia crônica diária associada ao abuso de analgésicos. Enquanto as dores de cabeça secundárias são aquelas que ocorrem como consequência de outras doenças, entre elas traumas, infecções, alterações orofaciais ou alterações vasculares. Inclusive, as dores secundárias podem persistir mesmo após resolução da patologia de base, como por exemplo as dores de cabeça que alguns pacientes relatam posteriormente a infecção por covid-19.
Desta forma, considerando o sofrimento que as dores de cabeça crônicas podem gerar e ainda o grande leque de diagnósticos diferenciais possíveis, sempre é recomendável realizar uma investigação junto ao especialista, nesse caso um neurologista habilitado.
O diagnóstico preciso da causa da dor e a identificação dos fatores associados a cronificação são os primeiros passos para um tratamento adequado e melhora da qualidade de vida.
Lembrando que medidas comportamentais são componentes fundamentais da melhora, sendo importante:
- Manter uma rotina saudável de sono e alimentação;
- Praticar atividades físicas e de relaxamento regularmente; e
- Estar atento consumo de água e assim evitar desidratação.

Se você faz parte desses 4% da população que tem dores de cabeça frequentes, procure um especialista e melhore sua qualidade de vida.

Existem inumeras possibilidades de tratamento, as quais devem ser individualizadas para cada paciente.

Dra Mayara dos Santos Moraes

Referências:
The IASP classification of chronic pain for ICD-11: chronic secondary headache or orofacial pain, PAIN: January 2019 - Volume 160 - Issue 1 - p 60-68
Headache disorders: differentiating and managing the common subtypes. Br J Pain. 2012;6(3):124-132