09/11/2016
Epilepsia na mulher
Anticonvulsivantes e anticoncepcionais
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O tratamento para epilepsia é sempre individualizado visando não apenas o controle das crises epilépticas como também a qualidade de vida. Os anticonvulsivantes em geral são escolhidos baseando-se no tipo de crise, idade, síndrome epiléptica, uso adjuvante de outros medicamentos, alergias, farmacodinâmica e farmacocinética, etc. No caso da mulher é muito importante levar em conta se está ou não em idade fértil, já que muitos anticonvulsivantes interferem e interagem com os anticoncepcionais podendo reduzir a eficácia destes. Além disso, se há o risco de gravidez deve ser levado em conta a potencial teratogenicidade (risco de malformação fetal) de alguns anticonvulsivantes.

Drogas anticonvulsivantes que reduzem a eficácia dos anticoncepcionais:

  • Fenitoína (hidantal)
  • Fenobarbital (gardenal)
  • Carbamazepina (tegretol)
  • Oxcarbazepina (trileptal)
  • Primidona (primid)
  • Doses elevadas de topiramato, em torno de 300 a 400 mg ao dia (topamax, amato)

Drogas que não interferem na eficácia dos contraceptivos:

  • Levetiracetam (keppra)
  • Valproato (depakene, depakote)
  • Lamotrigina (lamitor, lamictal)
  • Lacosamida (vimpat)
  • Benzodiazepínicos
  • Gabapentina (gabaneurim, neurontin)
  • Tiagbina
  • Zonizamida

O valproato e a lamotrigina tem seus níveis séricos reduzidos com o uso de anticoncepcionais orais (ACO), necessitando de ajuste de dose. Ou seja, provavelmente após o início do uso do ACO, será necessário aumentar a dose do anticonvulsivante.
É muito importante que seu neurologista discuta com você e seu/sua ginecologista a respeito das melhores opções de contracepção.

As principais alternativas que não sofrem interação dos anticonvulsivantes são os dispositivos intrauterinos e o uso de medroxiprogesterona intramuscular. Ainda assim é recomendável o uso associado de métodos de barreira (camisinha).
Durante a idade fértil na mulher recomenda-se a suplementação contínua com ácido fólico visando prevenir as malformações do tubo neural.

Em relação ao potencial teratogênico do anticonvulsivantes parece ser dose dependente e fármaco-dependente.
A frequência de malformações fetais na população em geral é de 2 a 3%. Em pacientes epilépticas em uso de anticonvulsivantes o risco de malformações varia de 3 a 10%.

As drogas anticonvulsivantes aparentemente como maior potencial teratogênico são:

  • Valproato em doses maiores do que 700mg, com aumento significativo da terotegenicidade em doses acima de 1500mg
  • Carbamazepina em doses acima de 1000mg/dia
  • Fenobarbital em doses acima de 150mg/dia
  • Em mulheres com epilepsia o ideal é que a gestação seja planejada com seu médico, já que existem estratégias no manejo da epilepsia que reduzem os riscos para a mãe e para o bebê.

 

Dra. Lucia Sukys Claudino, Ph.D.
Neurologista
Especialista em medicina do sono

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