As neuropatias periféricas são doenças e situações que comprometem o sistema nervoso periférico (nervos do corpo). Os nervos são as vias essenciais para a transmissão das informações/comunicação do cérebro e da medula espinhal com todas as outras áreas do corpo, e de maneira oposta levam as informações de todas as partes do corpo para a medula e o cérebro; por exemplo, se o pé é machucado ou colocado em água gelada ou próximo ao fogo serão os nervos que irão levar a informação que o pé está doendo, ou frio ou queimando para o cérebro e desse modo possibilitar a reação do individuo.

É fácil entender, desse modo que um acometimento dos sistema nervoso periférico (dos nervos) vai impedir ou mudar a mensagem que o corpo manda para o cérebro e vice-versa. 

Sintomas:

Pessoas com doenças nos nervos periféricos (neuropatia) podem apresentar sintomas como dormência, formigamento, sensação de pontadas, queimação em uma ou várias partes do corpo (mais frequentemente os pés e pernas e as mãos e braços).

Dependendo do tipo de neuropatia o paciente pode ter também fraqueza muscular e até paralisia além de sintomas chamados de disautonomia como hipotensão postural (tontura ao ficar em pé ou mudar de posição) e disfunção sexual. Esses sintomas podem apresentar graus variáveis de leve a muito intensos e um paciente pode ter um ou vários desses sintomas.

Tipos de neuropatia:

Alguns pacientes podem ter lesão de apenas um nervo (chamada de mononeuropatia) como a conhecida síndrome do túnel do carpo ou vários nervos (polineuropatia) em que há sintomas em diversas partes do corpo e mais frequentemente nas pernas e braços.

Existem algumas formas de neuropatias que são de inicio súbito e rápido, com piora e melhora em dias ou semanas como a Síndrome de Guillain Barré, mas a grande maioria das neuropatias periféricas são de instalação lenta e curso crônico.

As formas mais comuns de polineuropatia tem comprometimento maior dos nervos mais distais (pés e mãos) e são simétricas e acometem ambas as pernas ou braços de modo semelhante, por isso uma apresentação comum das polineuropatias é a presença de dor, queimação, formigamento, dormência etc...nas pernas em forma de bota (pegando os pés até a canela) e as mãos até o punho.

Além dessas  formas mais comuns há diversas outras maneiras de apresentação como formas assimétricas, afetando os membros de maneira diferente ou alguns nervos mais que outros.

Um outro sintoma que pode existir em algumas formas de neuropatia é ataxia (desiquilíbrio) que aumenta no escuro ou com olhos fechados.

Causas:

Existem neuropatias de origem hereditária como a doença de Charcot Marie porém a maior parte das neuropatias são chamadas adquiridas ou seja um individuo que não tinha neuropatia desenvolve ela em alguma fase da vida. Essas neuropatias são originadas por centenas de causas mas entre essas causas algumas são as mais comuns e representam a maioria dos casos. Entre essas causas estão as metabólicas/endócrinas como o Diabets melitus, as disfunções da glândula tireóide, os déficites de vitamina (como a vit B) e outros micronutrientes, o etilismo (uso excessivo de bebida alcoólica), algumas doenças infecciosas como as Hepatites virais e o vírus HIV, algumas medicações e quimioterápicos, doenças sistêmicas como insuficiência renal, doenças autoimunes como o Lupus, a artrite reumatoide e outras doenças conhecidas popularmente como “reumatismo”, algumas formas de câncer e alguns tratamentos (quimioterapia) para essa doença.

Como Se Faz o Diagnóstico:

Diante de um paciente com sintomas sugestivos de neuropatia periférica o médico pode confirmar essa suspeita através da história e exame clinico e algumas vezes solicitar um exame do sistema nervoso periférico chamado de eletroneuromiografia.

Confirmada a presença de neuropatia e se não há uma causa bem evidente, o médico normalmente solicita alguns exames laboratoriais para pesquisar a possível causa.

Como é o tratamento:

O tratamento normalmente envolve medicações para controlar os sintomas quando isso é necessário mas o mais importante é tratar a causa da neuropatia como por exemplo controlar a glicemia no diabets, diminuir a ingesta de bebida alcoólica, melhorar a nutrição, trocar medicações suspeitas quando isso é possível etc.

Nos casos das neuropatias hereditárias é importante estabelecer o padrão com que a doença passa de pais para filhos para tentar evitar que isso aconteça.

Na presença destes sintomas procure o neurologista para uma avaliação.

Dr. Rinaldo Claudino

Neurologista e neurofisologista

Especiaslista em doenças neuromusculares